sábado, 18 de junho de 2016

Educação: acesso às tecnologias ajudam ou atrapalham?

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Sábado, 18 de junho de 2016, no programa, Como Será, da Rede Globo, ancorado pela Sandra Annenberg, foi apresentado famílias, em que, as crianças que não estão conseguindo aprender e realizar as atividades escolares, segundo apresentou o programa, por manter e estar constantemente em contato e usando celulares, tablets, notebooks, internet, aplicativos ...

De novo, a minha opinião, é que, o foco está distorcido. A maneira de lidar com as crianças, com as tecnologias, os aplicativos, e a opinião da psicóloga, que foi apresentada como especialista na orientação de crianças, disciplina, está equivocada, longe da realidade um tiro de rifle.

E, o que é que vejo como distorção? A distorção estar no conjunto de eventos, atitudes dos envolvidos. A tecnologia e o acesso a estas coisas novas, a disposição de uma grande parcela dos humanos, não pode ser elencada como sendo a responsável pela baixa aprendizagem, tão pouco pode ser a vilã por erros e condições sociais existentes.

Parte do problema, não é o acesso às tecnologias, e sim, a sociedade contemporânea que está mais ignorante, mais distante do conhecimento. As crianças são cobradas por não saberem fazer as atividades escolares, não tem interesse e vontade de fazer os “DEVERES DE CASA”... mas, quem é que as está ensinando, sabe? Quem está cobrando que estas crianças saibam ler e escrever bem, sabem?

Para mim, vejo com, grande espanto, que crianças chegam às salas de aula sem conhecer coisas básicas, comuns e úteis do dia-a-dia, tais como: cores, os números, nome dela, nome da mãe, nome do pai, nome do irmão, da irmã (até pior: sem conhecer a estrutura da família), não sabe o nome de sua cidade, o seu bairro. São atividades domésticas e familiares que foram transferidas para as escolas. A escola é o lugar de ensino, treinamento, disciplina nos estudos, mas, está sobrecarregada com novas atividades e responsabilidades, que outrora, era de competência das famílias.

Podem criticar o quanto quiser a tecnologia, o acesso ao entretenimento, mas, é a falta de mães e pais que ensinem as crianças, que contribuem em grande escala para esta catastrófica realidade.

Eu e minha esposa não temos problemas com nossa criança, e o segredo nosso, é fácil de ser copiado, adaptado a sua realidade. Não proibimos nossa criança de usar o que há em casa. Ela pode assistir aos desenhos animados, usar celular, tablet, notebook, internet. E qual é nosso segredo? Simples, incentivo e acompanhamento. Ao invés de dizer: “Se não fizer a tarefa, não assiste a TV”, dizemos assim: “Vamos fazer logo a tarefa para você poder ir ver seus desenhos”; Orientamos: “Ei! Faça logo o dever de casa para você ir jogar no vídeo-game”; Cobramos: “Faça logo sua pesquisa, depois, você brinca”. E, muito importante: acompanhamos a agenda escolar, por meio físico, e eletrônico.

Não chantageamos nossa criança! Pelo contrário. Incentivamos! Primeiro a sua obrigação. Primeiro, sua atividade escolar! Quanto mais rápido você terminar, mais tempos você sobrará no seu dia para as atividades de entretenimento. Quando é semana de provas, testes e apresentações, nossa criança sabe que este tempo é menor, então, se prepara para a maratona da semana. Dorme mais cedo. Acorda mais cedo. Faz o que tem que fazer. O dormir mais cedo, nem é uma exigência cotidiana. Pelo cansaço do dia, o sono chega cedo.

Vi o programa e detectei o problema de sempre: as crianças estão entregues mais ao entretenimento do que às exigências educacionais. Os pais, não ensinaram o básico para seus filhos, e, eles entregaram seus filhos, à uma escola cada dia mais responsável pela formação COMPLETA e COMPLEXA do caráter, da moral, da ética e dos demais valores às crianças.

Estes mesmos pais, omissos, muitas vezes por suas limitações e deficiências educacionais e de conhecimento básicos, tais como, saber ler, saber escrever, saber contar, saber ortografia, saber gramática, saber algo mais intermediário como análise sintática, saber expressões matemáticas... por ai. Então, há esta criminalização, esta “vilanização” das novas tecnologias.

As crianças estão “menos sabidas” por que temos pais, que nas últimas décadas foram também abandonados à sua própria condição. Nenhuma criança aprende a ler, e a escrever só. Elas necessitam do conjunto de fatores ao seu redor: família, escola, meio social para o seu desenvolvimento. As tecnologias e a oferta de entretenimento não são os vilões pelo baixo interesse das crianças pelos conteúdos escolares. É falso também a frase de que “tarefas escolares é uma tortura para as crianças”. A criança deve aprender desde cedo, que, saber ler, saber escrever, estudar, faz parte de sua independência. Quanto mais ela aprender, mais independente ela será.

Foi isto com nossa criança. Nossa criança tem facilidades com a matéria de Inglês, pois, desde os primeiros anos foi incentivada a fazer tradução das legendas dos jogos do videogame. No início pedia a ajuda da mãe e do pai. Depois, começou a pesquisar por si só a tradução do que estava na tela; hoje, já lê em inglês fluentemente. Tem boa audição para músicas, filmes, séries e jogos. Ou seja, a tecnologia e o entretenimento, podem ser utilizados também na aquisição de conhecimento necessário na educação.

A tecnologia e o entretenimento não são vilões. Podem ser bem utilizados na educação de nossas crianças. Não foram as novas tecnologias que fizeram com que nossos filhos aprendam menos, ainda que existam mais meios de transferência de conteúdos, o que mudou foi a relação de pai, mãe, família, que, nestas últimas décadas aprenderam menos, sabem menos para ensinar aos filhos.

É a ignorância, a falta de saber, a falta de ensino básico, é a pedagogia do oprimido na prática, em que, se questiona as metodologias, as exigências que antes eram obrigatórias, hoje, são vistas como métodos de tortura, nada é obrigatório, aluno e professor estão ali para aprender uns com os outros, isto, e o conjunto de coisas, eventos, processos e atitudes tem feito esta regressão educacional, e, então, buscam uma justificava, buscam algo para culpar, e assim, ocultar a verdadeira causa do problema.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Ensinar não é o mesmo que preparar para o ENEM

Esta semana entrei num debate com os professores e orientadores que dirigiam a reunião de pais. O debate teve início quando discordei das insistentes e incisivas afirmativas deles de que nossos “alunos estão preparados para o ENEM de cada ano”. Temos um grande problema na educação brasileira que é o despreparo dos professores de todos os níveis: básica, média, técnica e superior.

Infelizmente milhares de professores estão aptos a explicar várias ideias sem fundamentação de Paulo Freire do que explicar as questões dos gabaritos das provas que eles copiam do todo poderoso Google.

Levei ao conhecimento da orientadora pedagógica da escola a desconfiança e os comentários que ouvi dos alunos que estavam estudando na minha casa. É funesto saber que os alunos detectam rapidamente as fraquezas e deficiências de seus professores, e pior, os professores viram alvos de chacotas, pilheria, algazarras e perda de confiança. Não há como um professor, que não sabe explicar o porquê as questões de um gabarito está errada, nem tão pouco sabe explicar por que a opção está correta, ter o respeito e obter o máximo de atenção dos alunos, afinal, os alunos já os classificam como ineficientes, incapazes e hipócritas.

Em minha visão sobre a educação, afirmo que o problema da nossa educação, é muito mais agudo do que apenas “falta de recursos”, “professores com baixos salários”, “escolas sem infraestrutura”; ... etc. O nosso problema começa com as ideias pedagógicas de Paulo Freire; aprofunda-se com o tal do socioconstrutivismo de Jean-Paul Sartre, e outras coisas como mesclagem de ideologias políticas e partidárias na educação.

Fiz curso superior e curso técnico. No ensino superior vi grandes deficiências nos professores, que estavam mais preparados para defender teses políticas, do que ensinar o conteúdo das ementas apresentadas; na maioria das aulas com certos professores, a aula era apenas orientação e ou apenas notificações do que deveríamos estudar, pesquisar e enviar para o Ambiente. No curso técnico, dos muitos professores, apenas dois, eram de fato bons em ensinar a técnica e transferir os conteúdos exigidos.

Muitos colegas de cursos, superior e técnico, apresentavam deficiência graves na sua formação. Muitos deles mal sabiam corretamente; outros não apresentavam conhecimentos básicos de aritmética; conhecimentos intermediários do ensino médio para muitos era “a coisa mais difícil que nunca aprendi”, tais como: regra de três, porcentagem, razão, proporção, etc.

Até para estes alunos com deficiência um professor mal formado é uma péssima contratação. Para solucionar o caos educacional, penso que, tanto a educação privada quanto a educação pública deve ter métodos, meios e processos seletivos, e que, sejam rigorosos, pois, esta situação, atrapalha a educação e atrapalha o desenvolvimento do Brasil.

Outra questão que afeta todo o país, é o fato de que, servidores públicos tenham estabilidade; que quem passa em concurso, após, xis meses de trabalho, o Estado não possa mais demitir. Isto é algo, penso eu, deveria mudar. Passou no concurso; foi contratado; não rende, não é competente; rescisão contratual em qualquer época. É lamentável a quantidade de professores, instrutores totalmente improdutivos, ineficiente, incapazes que ocupam as salas de aula da educação nacional. Muitos servidores públicos, mesmo provado a sua completa incapacidade, incompetência para o cargo, trabalho, função, não é demitido pois, há leis que o protege, bem como, há uma leniência e conveniência no meio. Lamentável.

A solução para mim passa por estes pilares:

  • Reforma no curriculum educacional: básica, média, técnica e superior;
  • Poder demitir quem não é eficiente, capaz e produtivo
  • Eliminar da grade educacional a pedagogia do oprimido; isto é coisa mofa
  • Exigir produtividade dos professores da educação básica, média, técnica e superior; os melhores, terão prêmios, promoções, eventos, etc.

O resumo nefasto a que combati na reunião, foi que, a escola deve ter sua meta, não preparar os alunos para o ENEM, e sim, o educar, o ensinar, o conduzir ao conhecimento, como preconiza a pedagogia!

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